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Livro " Eu achava que era normal"




Capitulo 1

Estou a caminho da escola mais uma vez, em um dia chuvoso e frio. Os dias de chuva e frio, sem sombra de dúvidas eram os piores dias da minha vida para ir a escola. Porque eu não tinha blusa de frio suficientemente para me aquecer, e tão pouco um guarda-chuva que era com certeza um luxo. - " Não era necessário"- dizia meu pai. Meu pai falava muitas coisas que para mim era a única verdade absoluta. Meu pai sempre o homem da casa, o provedor do nosso sustento. Meus irmãos e eu, eramos alunos e crianças exemplares, nos comportávamos em todas as situações -" Queria que meus filhos fossem assim" diziam os adultos. Sabendo que se tratava de um elogio, ficava feliz e ao mesmo tempo me questionava o porque os filhos deles também não eram assim. Isso só fomentava a ideia de que meu pai estava certo em tudo que ele fazia e falava, apesar de muitas coisas serem doloridas e chatas.
Neste dia, e em como todos os outros, meu irmão me vigiava, obedecendo meu pai. Não podia chegar perto dos garotos e eu tinha que sentar na frente. Ter a melhor nota para ser alguém. Meu irmão obedecia meu pai mas ao mesmo tempo fazia sua próprias regras. Me vigiava mas também fazia muita merda na escola. Meu pai já foi chamado diversas vezes para comparecer a escola por alguma arte que ele tenha feito. Ha! O nome dele é Gustavo e o meu Raquel.
           Era final de bimestre e eu estava ansiosa na sala de aula, para receber meu boletim, a professora já estavam com aquele bolo de cartolinas na mão junto a as carteirinhas escolares, que eram obrigatórias na entrada da escola, caso você não a apresenta-se e deixasse com algum supervisor, você teria que voltar para casa para busca-la. E perder um dia de aula atoa, era de grande preocupação. A mesma era entregue de volta no final da aula, pelo professor. Ansiosa esperava ser chamada para pegar meu boletim que geralmente era um dos últimos, porque era por ordem alfabética. Eu observava atentamente meus colegas de classe, tentando imaginar, como seriam os pais delas, como conseguiram comprar aqueles materiais escolares inacessíveis e desnecessário segundo meu Pai. O que eles fizeram de tão bom para os pais deles, para serem recompensados dessa forma? Quanto será que custou isso ou melhor, será que eu não mereço? Preciso lutar ainda mais para ganhar isso dos meus pais?
Em fim ouço - "Raquel Freire" - dito pela professora que parecia estar de saco cheio e com a voz mucha. Meu coração disparou como se fosse sair pela boca, um simples ato de me levantar e receber minhas notas, era motivo para tanta ansiedade e vergonha, tomada pela timidez e medo de ser o centro das atenções era grande, isso devido as minhas roupas simples, com furos, cabelos armados, sem ordem, uma trança para trás até a cintura, feita na tentativa de abaixar o volume dos meus cabelos, que não sabia se era cacheado ou liso, o famoso " indefinido ", eu me tremia toda por causa do frio e por ter tomado chuva, mas eu fazia de tudo para disfarçar, já que quando me perguntavam o porque eu não tinha ido de blusa, eu falava que estava com calor. Tudo para não passar vergonha e dar a entender que era pobre. Eu odiava tudo em mim, meu cabelo, minhas roupas, meu nome. Tudo para mim era feio, vergonhoso. Os segundos que levaram para chegar até a professora foram aterrorizantes. Só queria voltar para minha mesa.
      - Ufa, tudo azul - Não vou apanhar. - Pensava eu ao ver que eram notas boas.
Peguei minhas coisas, devolvi o boletim para professora, e levei um bilhete convocando os pais para uma reunião na escola. No qual nunca compareciam pois estavam ocupados demais com suas diversões. Cheguei em casa naquele dia, com muito frio e fome, me deparei com a cena de sempre. Meus pais dento do quarto, trancados, com som alto e com muita cerveja. Quase nunca sabíamos oque rolava lá dentro de fato. Tudo que sabíamos era através do que podíamos ouvir. Sandra era minha madrasta no qual chamo de "Mãe" desde que me entendo por gente. Ela casou-se com meu Pai quando eu tinha um ano de idade e meu irmão Gustavo tinha dois anos. Ele é filho de um outro relacionamento dela no passado. O mesmo era comigo, sou fruto de um relacionamento do meu Pai com a minha mãe biológica no passado, no qual nunca tive contato. Já a minhas irmãs Bruna e Isabela eram filha dos dois. Sempre tive dificuldade para explicar isso para as pessoas. Geralmente era preciso desenhar para entender.
          - "Eu vi que você olhou para aquela morena ontem" - Disse Sandra em um tom embriagado. Seguido da voz do meu pai, completamente furioso - " Você que é uma vagabunda que chupou um velho por dinheiro".

             Eu já começava a ter um ataque de ansiedade imaginando que ali iria começar mais uma daquelas brigas que todos os dias tinham, eram brigas entre os dois, com direto a muita violência, sangue, coisas quebrando, todos chorando de medo devido ao estado embriagado dos dois, que muito provavelmente não era causado somente pela cerveja. Aquilo me deixava passando mal, com uma dor insuportável no coração junto a uma mistura de emoções como raiva, tristeza e vontade de sumir. A cada barulho de socos e coisas quebrando dentro daquele quarto misterioso, era uma batida ainda mais forte do meu coração. Minhas lágrimas a aquela altura eram incontroláveis de segurar e eu só pensava em meus colegas de sala, imaginando se os pais deles também eram assim. Naquela altura, eu já estava passando fome, não havia almoçado desde quando sai da escola, e tudo que tinha era um pacote com doze pães, cujo os pães eram contados para cada membro da família e para come-lo, era necessário pedir permissão ao nosso pai. E naquela altura era impensável uma coisa do tipo, então como em todas as vezes preferíamos passar fome.

Continua...

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